Penso que temos usado e abusado do termo “social” sem nos darmos conta de que o tornamos uma coisa, um dado irrefletido, uma noção vazia de sentido próprio. O social mais parece um lugar ao qual nos dirigimos para praticar esportes radicais de vez em quando.
O “social” tem deixado de ser uma referência à dimensão intrinsecamente relacional e associativa da vida em sociedade para ser tomado como um “campo” específico.
Por isso, é bom refletir sobre o fato de que o social designa a forma como nossa sociedade se estrutura e se movimenta – por meio da agregação das pessoas, suas necessidades, visões e interesses em processos relacionais para onde convergem as semelhanças e os interesses comuns.
Social remete a associativismo, a grupos informais onde identidades socioculturais se plasmam, a redes de relacionamento e a relações de solidariedade, todas fundamentais para criar a sociabilidade pela qual a vida em sociedade se torna possível.
[SOCIAL = associação = relação = agregação = catalisação]
Os grupos comunitários, as associações de todo o tipo e as organizações sociais (Ongs, grupos culturais, clubes esportivos, sindicatos, movimentos, etc.) tem um papel muito importante como catalisadores deste processo de socialização e de agregação social.
Estas OSCs contribuem com a transformação de privações e necessidades em demandas ao sistema social e político, via mecanismos como associações comunitárias, conselhos de políticas públicas, conferências temáticas, orçamentos participativos, etc. Elas ajudam na identificação de problemas no acesso a direitos, assim como favorecem a geração de novos direitos.
De certa forma, as OSCs contribuem para o processo permanente de constituição da sociedade como ela é e com o processo de sua renovação e mudança.
Por isso é tão importante a visão de que projetos sociais só tem chances de êxito e de sustentabilidade de seus resultados se os “entes sociais” que os elaboram, promovem e nutrem – as OSCs – forem adequadamente apoiadas e reconhecidas,
Afinal, seria possível imaginar bons projetos sem organizações sociais qualificadas?
Não, é claro que não…
Mas então porque a maior parte dos financiadores de projetos opta pela visão de que só é necessário apoiar projetos sociais e não as organizações?
Voltarei a este tema na virada do mês.
Até lá.