Arquivo do mês: agosto 2012

A mobilização de recursos como desafio das OSCs

Uma iniciativa inovadora acaba de ser lançada no Brasil: um curso virtual sobre mobilização de recursos, com aulas semanais, materiais de leitura, espaço virtual para diálogos e troca de experiências.
O curso é uma iniciativa da Fundación Claritas, da Argentina. Eu sou o co-facilitador, juntamente com Diana Garcia, da Fundación.
Aproveite a oportunidade e divulgue.
Nos encontramos lá!

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Fatores que fazem a diferença na crise das OSCs

Cada organização vive situações críticas de sustentabilidade à sua maneira. Cada uma delas tem sua história, sua identidade, seus valores, sua cultura e… suas fragilidades próprias. Nos momentos críticos, o conjunto de virtudes e capacidades de que a organização dispõe faz toda a diferença nas chances de superação. A minha experiência recente tem sugerido que três fatores são determinantes para a maior chance de sobrevivência e retomada de um novo ciclo de fortalecimento institucional.

O primeiro deles é a consciência de que crises sérias de sustentabilidade institucional sinalizam para a necessidade de iniciar-se um novo ciclo na vida da organização. A vida das organizações é estruturada em ciclos, mais ou menos longos, a depender de sua trajetória e das transformações do contexto. A mudança de ciclo ocorre quando a organização já não se mostra sustentável, política, técnica e financeiramente, como antes. É quando suas formas de ser e fazer já não se mostram suficientes para satisfazer seus integrantes e seus parceiros e apoiadores. Daí ser importante que a direção e as principais lideranças se dêem conta e tenham a coragem de assumir que, “ou mudamos para continuarmos relevantes na sociedade” ou “caminhamos para desaparecer”. A consciência de que um novo ciclo precisa nascer, porém, não resolve tudo. Faz-se necessário refletir coletivamente, interna e externamente, sobre oportunidades, alternativas e forças e… riscos. É imperativo identificar/formular o eixo geral em torno do qual o novo ciclo se define e se diferencia.

O segundo fator é a existência de um grupo de pessoas interessadas e mobilizadas pelo futuro da organização e das causas que ela abraça. Este grupo, usualmente, envolve parte das lideranças e técnicos e um grupo de diretores e associados. Geralmente, é um grupo relativamente pequeno, pelo menos em sua dimensão mais visível. Eles tendem a ser uma mistura de associados antigos e novos que, por razões em parte comums e em parte distintas, converge para o interesse de preservar e fortalecer a organização.

Nos momentos críticos é fundamental perguntar-se: a organização ainda tem uma missão relevante a cumprir? Quem nela está efetivamente interessado em sua continuidade, ao ponto de assumir responsabilidade no processo futuro?

Outro fator importante é a abertura e flexibilidade para conferir contemporaneidade ao projeto político institucional. Depois de muitos anos de atuação, ainda que com resultados e impactos relevantes, as organizações muitas vezes perdem o frescor, o elã e a vibração dos anos anteriores. As coisas, de certa forma, seguem sendo realizadas como sempre foram. Programas e projetos não expressam inovação, criatividade e capacidade de atrair novos parceiros e apoiadores. As causas promovidas já não tem a mesma projeção/prioridade no espaço público.  As abordagens e metodologias praticadas já não dialogam a contento com os conceitos e debates contemporâneos. Em suma, a organização não logrou transpor sua proposta geral em termos mais adequados e viáveis ao novo contexto. Por isso, a presença de uma atitude de abertura e de inovação é tão importante. Elas possibilitam que os valores, princípios e a visão e missão da organização sejam atualizados em roupagem atual, dialogando com as questões, temas, argumentos e desafios que a sociedade debate hoje. Ela desenvolve a capacidade de ser contemporânea de seu tempo em diferentes períodos de sua história. Mas, de onde vem esta atitude, esta disposição? Ela não vem por combustão espontânea; ela, quando presente, é parte da cultura institucional, é um valor que anima vários dos integrantes da organização e que emerge como virtude nestas circunstâncias.

Muitas outras coisas pesam positivamente no enfrentamento de situação críticas na vida das organizações, mas a combinação destes três componentes faz toda a diferença.

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